quarta-feira, 30 de junho de 2010

Olhar para trás...

Como sempre olhei para trás. Mas dessa vez algo mudara. Tu nao estavas lá como sempre estiveras. Nos meus pesou, então, a imagem da tua ausência e lá continuei a minha caminhada.

Já lá vai algum tempo mas, ainda hoje, vou olhando, de vez em quando, para trás. Ainda hoje a imagem da tua ausência pesa nos meus olhos como sacos de água rotos. Mas lá vou caminhando a passos curtos e cuidadosos para não tropeçar sempre que olho para trás.

Um dia sei que vou deixar de sentir a tua falta. Vou ganhar um novo peso nos olhos que me permita olhar em frente. Vou ganhar um novo fôlego que me ajude a transformar os passos curtos em passos longos, sem medo de tropeçar se olhar para trás e não te vir!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Sou Guerreiro


Não foi com duas tretas que me deixaste entrar na tua vida. Tive de batalhar, e como bom guerreiro que sou, não desisti enquanto não derrubei uma pedra do muro que te cerca, para poder passar e chegar até ti. Mesmo assim derrubando uma pedra a passagem estava protegida por espinhos. Piquei-me. Sangrei. Às vezes ainda doi. Às vezes ainda há um espinho ou outro que se crava na minha pele e me rasga um ou outro pedaço de lucidez. Mas como guerreiro que sou, aguento a dor.

Passando os espinhos, veio o rio. Esse teu rio cheio de mágoa, descrença na vida, sofrimento, lembranças do passado ainda tão presente em ti. Aprendi a nadar contra a maré. Engoli muita água. Engoli o teu passado. Engoli tudo. Por ti engolia muito mais se isso bastasse para te agarrar ao presente e não te refugiares no passado. Por vezes perco-te no passado. Por vezes deixas-te perder no passado. Mas como guerreiro que sou, aguento o que for preciso.

Depois do rio pisei o campo seco. Plantei tudo o que pude. Cultivei-te amor, carinho, dedicação, até que os frutos foram nascendo, e eu comendo um a um recuperei as forças perdidas durante a batalha para chegar até ti. E tu comendo um a um foste confiando em mim. Foste derrubando o muro aos poucos para que eu não tenha de passar pelo buraco estreito. Deixaste de regar os espinhos para que eles não me piquem. Deixas sempre um barco nas margens do rio para que eu não corra o risco de me afogar. Cultivamos juntos o campo outrora seco e comemos juntos os frutos da nossa relação. E eu, como guerreiro que sou, faço o que for preciso para te ver feliz.

... Quem ama vive numa guerra constante. Uns não lutam o suficiente. Uns desistem a meio. Outros tornam-se guerreiros. Eu, que sou guerreiro, não desisto.

Eu, que sou guerreiro, amo-te!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mudo...


As minhas palavras sempre foram mudas para ti. Mesmo quando gritava, gesticulava e me contorcia. Mas, para mim, as palavras sempre foram a melhor forma de dizer aquilo que a minha alma carregava e tu ignoravas. As palavras sempre foram o meu refúgio, porto de abrigo... Era o que sentia ao dar-me a elas, quando na verdade o deveria sentir contigo, ao dar-me a ti. Mas não... Para ti nasci mudo, cresci mudo e neste preciso momento permaneço mudo.

Continuarei mudo. Tornar-me-ei cego. Fingir-me-ei de surdo. Até que percebas que um dia eu te falei. Que um dia te contei os meus medos, os meus sonhos, as minhas alegrias, as minhas tristezas. Até que entendas o tanto que te disse e tu simplesmente rejeitaste, ignoraste, não compreendeste e não assimilaste.