quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Poema Louco

Por vezes sinto-me transparente,

diria mesmo invisível,

aos olhos de tanta gente.

Sinto que a minha voz não sai

e se sai ninguém a ouve,

nem sequer alguém faz um esforço por me ouvir.

Então atravessam-me todos.

Atravessa-me o mundo

e gira dentro de mim,

confundindo-me com todas as suas voltas tortas,

fazendo-me vomitar palavras mortas.

E a verdade é simples.

Por vezes sinto-me transparente,

diria mesmo ausente, aos teus olhos.

Sinto que a minha voz sai da maneira que não devia sair

e que tu não me queres ouvir.

Afinal a verdade dói.

Não mata...

Mas mói...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Borboleta



Vieste com as tuas asas de borboleta e ofereceste-me as tuas cores de presente.
Largaste o teu pó mágico e fizeste-me querer-te só para mim.
Tentei prender-te o voo para não fugires para longe...
Morreste lentamente enquanto eu era feliz por seres minha
O meu egoísmo matou-te e tu de castigo levaste o meu coração
embrulhado nas tuas asas de borboleta, condenando-me assim à solidão.


Incêndio



"As árvores ardem quando o teu corpo me rouba o calor e o espalha pelas brisas nocturnas.."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Invisível....

Sou eu, apenas eu.
Instável. Difícil. Confuso.
Apareço, desapareço. Aqui. Ali.
Sou luz. Escuridão.
Um romântico. Sem coração...

Um segredo.

Um sonhador. Descrente.
Aluado. Ausente.
Por vezes fraco. Forte o suficiente.
A cair, a tropeçar, a caminhar.
A seguir em frente.
Por mim. Sem mim. Sem ti.

Um segredo.

Precipitado. Ciumento.
Arriscado. Com medo.
Invisível. Escondido em mim.
A fugir, a correr. De mim. De ti.

Um segredo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Seja o que Deus quiser...


O amor deixa-nos mesmo sem a noção exacta das coisas. Deixa-mo-nos levar por caminhos que, quando sóbrios, nos pareciam completamente impossíveis de os atravessarmos. E mesmo quando começamos a perceber isso, parece que não temos forças para fazer o caminho de volta e voltarmos a ser nós, sem que nos rebaixem, sem que nos humilhem, sem que nos magoem e nos pisem.
Aqueles que mais amamos são aqueles que mais nos magoam. Ainda por cima quando nem eles sabem ao certo se nos amam ou a quem amam de verdade. Assim magoam-nos e iludem-se, acabando por nos iludirem também, e vamos vivendo assim numa ilusão que se pode arrastar por semanas, longos meses ou até mesmo anos.
Inevitavelmente o fumo ilusório que embrulha a natureza do amor começa a dissipar-se e em algum momento começamos a ver e a ter a noção exacta das coisas. Aí por vezes é tarde. Já perdemos muito, até a dignidade, e então não estamos dispostos a perder muito mais. Lutamos mais um pouco, sem nada a perder.
Um dia acordamos e sabemos, mesmo sem saber porquê, que chegou o fim. Que não dá mais! Damos as mãos à saturação e mesmo para quem não acredita nele gritamos revoltados um Seja o que Deus quiser e aguardamos para que ele queira algo para nós.

Um seja o que Deus quiser para todos, ainda que eu não acredite nele.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sonho molhado...

Enrolo-me na cama com palavras que não conheço. Pratico sexo numa posição que desconheço. Fazemos um oral de poesia e nasce o desejo. Adormeço e acordo molhado de palavras sem nexo. Poesia ou sexo?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A colheita...

Este texto é especialmente dedicado a alguém, alguém que saberá quem é quando ler esta mensagem... Com todo o meu carinho e respeito por essa mesma pessoa...

Caminhei entre rosas
e tulipas até chegar à mais
bela flor do meu jardim.
Colhia-a como se colhe um beijo
e ela murchou tal como o nosso amor.
Chorei e caí de alma no chão.
Apeteceu-me arrancar o sangue
para também murcharem as minhas veias.
Adormeci.

Quando acordei percebi
que nem tudo o que gosto me pertence.
Não posso arrancar flores
porque murcham, nem amores
porque morrem.
Devo deixar as flores livres no jardim
e amor preso no coração.
Nada pode ser arrancado!