Aliado a um tempo pausado no nunca, dou as mãos à força e destruo os pequenos cacos de vidro que cravaste no meu peito enquanto eu fingia que nada me doía.
Afogo os quadros pintados de tardes tristes, em àguas de sal chorado e acabo para sempre com a vontade de chorar que me ataca os olhos cegos de ti.
Tapo marcas de pele comida pelo teu desejo, com fogo ateado no Verão que nos tocou e destruo com ele o prazer de te ter.
Rasgo palavras escritas ao vento, com tesouras de um tempo que não perdoa e deixo que com ele voe também o pensamento que me prende a ti.
Limpo o caminho sujo de noites de prazer carnal, com as mãos que te guiavam a vida e limpo com elas a vida que em tempos nos pertenceu.
Afasto suspiros que guardaste no meu ouvido, com músicas que não te pintam no som e esqueço de vez o sabor da tua voz.
Arranco as costuras ao coração, com as unhas que te arranharam a carne e perco pelo chão os sentimentos que nele guardei.
Piso tudo sem olhar para trás e atiro a minha vida às esperanças vivas do caminho que hoje construo sozinho.
Sem comentários:
Enviar um comentário