terça-feira, 13 de julho de 2010

O Amor é Canibal


Se me queres comer come-me de uma vez. Não te fiques pela metade.
Sem metade eu não sou nem tão pouco me dou. Não me transformes em restos.
Come-me com vontade, assim a frio, mesmo que eu não saiba se choro ou se rio.
Espeta-me as tuas garras e devora-me sem piedade, não temas pela saudade, estarei dentro de ti.
Roi o mais duro de mim e saboreia as minhas fraquezas, engole alegrias fracassos e tristezas.
Bebe-me o sangue, o olhar, o pensamento, o riso, o juízo, o ser, o estar, o querer amar.
Rasga a minha pele com os teus dentes, mesmo que o sal não esteja a gosto.
Come-me o desgosto que é querer e não ter a quem me dar, agora que me tens e me dou ao teu paladar.
Trinca-me as mãos que escrevem coisas que eu não percebo e que recebo do além vindas de não sei quem.
Se me queres comer, come-me depressa, antes que o arrependimento chegue, fale e aconteça.
Come-me.

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